quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ainda rio...


Quando me lembro de um dia
nos meus doze anos
em que passando na rua de sainha
e uma blusa decotada
minha vizinha me olhou na cara
e me disse, preocupada:

- Menina, vai por roupa,
desse jeito cê acaba puta!

Eu ainda rio...
não do que ela disse
nem dela
rio do destino...
que vive rindo de mim...

Dedicatória: Dona Paulina, sempre em sua janela.

Um comentário:

  1. Eu fico pensando ao ler não ser este poema "Ainda rio". mas outros também,e a recorrência de imagens noturnas, de transgressões, de pessimismo, de esperança,de busca, de ser... Sempre a imagem da bela e humana puta que brota dos versos.
    Eu fico admirando essa forma visceral de retratar a vida na carne, no corpo.
    Camila, suas poesias são mesmos autobiográficas? Porque elas me parecem que foram escritas com sangue.

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