quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ainda rio...


Quando me lembro de um dia
nos meus doze anos
em que passando na rua de sainha
e uma blusa decotada
minha vizinha me olhou na cara
e me disse, preocupada:

- Menina, vai por roupa,
desse jeito cê acaba puta!

Eu ainda rio...
não do que ela disse
nem dela
rio do destino...
que vive rindo de mim...

Dedicatória: Dona Paulina, sempre em sua janela.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SMS



Hoje acordei pensando em você
então sonhei que meus dedos
eram sua língua.


domingo, 3 de outubro de 2010

A vida... o destino


Aqueles cabelos loiros e encharcados
Que lhe descem as costas, sem simetria,
Com claras madeixas - seu perfil desenhado -
Fios que apontam para os seios em maestria

Ahhh! Benditas setas que apontam o fado
O despontar dos montes de pico rosado
Formando um rio com a chuva que a pegou
Um doce rio de margens limpas, mas rio gelado.

Eu queria tanto aquecê-la deste frio
Que percorre o corpo lhe arrepiando a pele
Mas seu corpo, embora não arredio
Meu doce e feminino hálito repele
Eu sou paciente, e do destino rio
Rio desse desejo todo que me impele.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ploc ti ploc

A vida tem passado tão rápido
que penso

"E daí?"

e vou fumar mais um cigarro
na janela,
observando os passos
que ploctiplocteiam a poça.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tão ela


Adoro aquelas coxas macias
Em que eu finjo bater, só pra sentir
Pernas saborosas que desejo morder
Lamber, pegar... Ahhhh........ !

Outro dia ela me tirou uma lasca de pão
Que caiu no meu decote
Ai vontade de que me devorasse
Com aquelas mãos cuidadosas...

Ela ri das minhas cantadas
Quando digo que quero um beijo
Sorri da mão que bate em sua bunda
Quando lava a louça pra mim

Eu não rio, sorrio apenas
Dos seus contornos tão discretos
Um dia a devoro inteira
E ela nem vai mais saber quem é.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Desdém

Se você não aparece mais

Tanto faz...

O dinheiro que de ti não chega

Outro traz!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Oral

Gozo do seu gosto
Enquanto fita meu rosto
Que te olha, sem fim

E me lambuzo com você em riste
Pois quando me pediste
Nem sabia que era bom assim

Te degusto como fruta suculenta
Que lentamente, muito lenta
Escorre seu suco em mim

A saliva produzida pela língua
Te purifica da míngua
Do aperto da calça de brim

E te engulo qual canibal
Numa volição que beira brutal
E eis que explode, feito estopim

Me delicio no momento
Em que te acolho boca adentro
E tu morre dentro de mim

E quando pensa que já se foi a festa
Todo o prazer recomeça
E você entende a que eu vim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meu corpo em flor se insinua




Meu corpo em flor se insinua

vestido florido, cabelos ao vento

não uso da esquina ao relento

minha vitrine é outra... balcão


Encostada a ele perfumo cada mão

que docemente toca minha cintura

e quando encontro alguma segura

verifico se paga pelo meu bouquet


Porque sou flor que se despetala

pétala por pétala, com toda beleza

vou deixando perfumes por onde passo

vida curta, bela, doce aspereza

Mas como fruto de amor transgênico

minhas sementes são de incerteza.

domingo, 4 de julho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

Marginal

Marginal é o que sou.
Sempre às margens da sociedade
embora viva, ao acaso, no Centro
- com aquelas ruas velhas e sujas
de calçadas enegrecidas
embora as pedras sejam brancas
brancas? sejam? ERAM.

Esses prédios antigos não combinam
com o sarcasmo do meu sorriso
nem com a blusa rosa de que tanto gosto
e também não me fazem bem
se bem que gosto das janelas antigas
elas me olham, enquanto eu as vejo.

Esses fantasmas esquecidos
que peregrinam nas vielas
choram nas esquinas e reclamam nos bancos
já não dizem nada só falam
como eu, que já nem sei se devo falar
Fantasmas? Talvez eu seja um deles.

Eu sou marginal, periférica
no sentido mais puro das palavras
talvez eu já faça parte da paisagem
com minhas pernas longas e bronzeadas
meu sorriso irônico e debochado
minha natureza morta, fantasmagórica
marginal, periférica...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sobrevivência


Meu pão vem do circo


Nesta louca rotina, sou palhaço.
meu picadeiro já foi um carro
minha arena já foi um rua
meu circo, uma boate.
Hoje, me apresento em camas
e continuo fazendo as pessoas felizes

terça-feira, 1 de junho de 2010

Como


Como água desaguo em seu corpo
molho suas juntas
seus pêlos, seus músculos
deliramos juntos, em prazer

Como fogo, queimam as nossas peles,
face a face, mão a mão
corpo a corpo, olho no olho
como fogo te incendeio

Como gelo te arrepio a costela
e a nuca, nos apelos dos desejos
tudo arrepiado, duro, denso...
Como pedra desliza pelo meu corpo

E como, como, como como ao prato
que após satisfazer o desejo
limpo com o dedo e a língua
e lavo e seco e guardo como prêmio

Ahhh... sou como a fome que devora
de dentro pra fora e como dói...
E você é alimento feijão com arroz
que como todo dia e quero mais...

domingo, 30 de maio de 2010

Subjuntivo o cacete

Se você nunca for meu

Azar seu!

Se a vida não te der prazer

Falta se foder!

Se não tem amor e auto-estima

Se lastima!

Se tem inveja do seu irmão

Não passa de um cuzão!

Se a vida só te dá rasteira

Você é uma topeira!

Se nada pra você dá certo

Cala boca, fica esperto!

E se acha a vida chata

Se mata!

Mas se é só a rotina que te esmaga

me paga...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sexo moderno - sem amor.

Oi!

Beija...

Chupa!

Mete!

Vira ...

Mete!

Geme!.!

Goza!!!

Veste...

Beija?

Tchau!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Meu pranto...


Enquanto algumas se esmeram
Em gozar sem fazer barulho
Aprendi a arte do choro
Cujas lágrimas não têm som

Meu pranto jamais é ouvido
Não tem eco, nem melodia
São só estrelas passadas
Colhidas no meu olhar

Saem no silêncio das horas
Envoltas em sexo sem amor
Regam a tez branca e viçosa
Fluem nessa face de frescor

Aprendi sozinha a arte do choro
Mas há lágrimas silentes?
Todo aposento que penetro é oco
Pois não há som no vácuo, nem canção.

domingo, 18 de abril de 2010

Medo?

Eu tenho medo de dormir...
um medo quase retardado
retardado no sentido de tardio
ele aparece naquele ultimo instante
quando os sonhos estão começando

eu não devo ser louca
porque dizem que loucos não sonham
ou será que são só os loucos psicóticos?

eu não ronco
nem sussurro dormindo
mas meu pé fica gelado.

Eu tenho medo de dormir
porque parece que algo me chama
de dentro do meu travesseiro

não é assustador
é embriagante!
vozes desconexas
dispesas
perdidas

será que sou eu mesma?
outros seres?
sei lá
eu tenho medo de um dia dormir
e acordar tendo feito uma grande merda
maior ainda do que a minha vida...

porque, por enquanto, só
estou só, só, na merda.e pior...
eu tenho medo de dormir
mas não temo continuar nessa merda...

terça-feira, 23 de março de 2010

Absoluta, eu?

Clique na imagem que fica mais fácil para ler...

beijos pequenos

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sou lixo




Sou lixo delicioso que você compra
Consome escondido
Tem medo
Goza
Se enoja
Descarta
Eu me reciclo
Outras vendas
Pra outro você
Hipócrita

Sou lixo, lixo
A cada uso, reciclada
Num banho que não limpa
Num banho que não lava
Lixo que nunca volta a ser igual
Ao objeto original
Objeto que você consome
Numa busca louca de prazer
Mas quando goza, só goza
E depois se enoja
De me desejar
De precisar de meus lábios sujos
Se sujar em minhas fendas
Moral já suja, que se mistura à minha

Sim, eu sou um lixo
Um lixo delicioso
Um lixo reciclado
Mas me vendo pra você
Para pessoas como você
Eu sou lixo
Sou lixo
Sou lixo
Mas não sou hipócrita
A hipocrisia... hipocrisia
Ela, eu deixo pra você.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Autobiografia




Sou impressionável,
Emotiva e objetiva,
Tímida e intolerante,
Caprichosa e negligente
melancólica,
independente
inconvencional.
Mas que diferença isso faz?
Eu sou só uma puta que teme o ridículo.
Minha poesia sou eu
E eu sou puta.

Sou pobre, muito pobre,
Alguns dizem que minha alma é ainda mais
Fodam-se – todos –
Gosto de gente intelectualizada
Engraçada, divertida
Mas quando elas me querem
Só querem a mim, puta.

Minhas atividades são enérgicas,
Entusiásticas
Sou uma empreendedora,
Mas tudo é breve
Minha infância passou logo
Minha adolescência começou e acabou cedo
E eu não sou adulta
Sou a pobre, puta, infeliz
Que teme a vida, a morte, a vida
Que teme a velhice
Por que puta velha é nada...
E que odeia ser pobre
Odeia ser puta
Odeia não ter nada
Mas adora sexo e dinheiro

Quer saber?
Fodam-se todos.
Inclusive o que não falam nada
Os intelectuais, engraçados
Eu sou sempre comprada e descartada
Porque são todos fracos
Que precisam me comprar
Que precisam me usar
Fracos! Fracos! Fracos!
Pobres de vocês e de mim...

Eu sou um receptáculo
De esperma
De medos
De desejos
De angústias
Porra!
Eu sou puta

Um receptáculo humano
Confortável,
Seguro
E acolhedor.