terça-feira, 1 de junho de 2010

Como


Como água desaguo em seu corpo
molho suas juntas
seus pêlos, seus músculos
deliramos juntos, em prazer

Como fogo, queimam as nossas peles,
face a face, mão a mão
corpo a corpo, olho no olho
como fogo te incendeio

Como gelo te arrepio a costela
e a nuca, nos apelos dos desejos
tudo arrepiado, duro, denso...
Como pedra desliza pelo meu corpo

E como, como, como como ao prato
que após satisfazer o desejo
limpo com o dedo e a língua
e lavo e seco e guardo como prêmio

Ahhh... sou como a fome que devora
de dentro pra fora e como dói...
E você é alimento feijão com arroz
que como todo dia e quero mais...

2 comentários:

  1. É o canibalismo erótico na metáfora do alimento, da carne que se come diante do verbo que se diz. Talvez o efeito estético no leitor seja uma excitação nervosa ´mediante o sintoma da boca cheia de água. O pior, é continuar com fome.

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  2. Esse canibalismo citado pelo Pirro é cativante para expressar em artes. Realmente existe um consumo do humano pelo humano.

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